quarta-feira, 8 de agosto de 2007

Déjà vu

Despertara? Não sabia. Suava muito, isso sim. Buscou o copo d’água na cabeceira, ainda tonto de tudo aquilo que vira e sofrera e sonhara. Sonhara? Cambaleante, entrou no banheiro, olhou-se no espelho e não acreditou. Estava sujo de uma cor não sei o quê cinza nas mãos e rosto, seus braços lhe doíam pesados estirados músculos cansados. Outra vez outra vez, pensou. Voltou à cama, aquele monstro horrível de desespero e cansaço, de insônia e sono, de sexo e solidão. Dormiu novamente. Sonhou estar num plano branco, infinito na horizontal e na vertical, iluminado por um grande refletor que lhe ofuscava a visão toda vez que o olhava diretamente. De súbito, um trilhão de flashs pipocaram, deixando mais cego ainda, tentou correr sem enxergar e sentiu que caia. Agora estava numa planície de gramíneas curtas, de veludo acinzentado, um tom triste assim como o eterno cantar de um Bem-te-vi cego. Olhou ao seu redor, ao leste uma montanha alta se erguia imponente; ao sul a planície continuava para sempre. Ao norte notou uma pequena cabana e, correndo por sobre o veludo cinza e triste, chegou lá e bateu na porta. Ansioso, abre a porta e tudo estava escuro e gelado e mesmo assim ele entrou e aí a porta se fechou e tateando não conseguiu mais achar a saída e agora ele estava ali cantarolando no escuro para afugentar o medo. Começou a sufocar dentro daquela coisa escura, aquele buraco negro no tempo e espaço quando sentiu uma leve brisa fria subir-lhe pela espinha virou-se e nada e quando deu dois passos perdeu o equilíbrio e lá estava ele a cair novamente caindo caindo caindo até que de tanto cair dormiu, porque cair era muito gostoso o frio na barriga passara depois de um certo ponto e a sensação era legal. Despertara? Não sabia. Suava muito, isso sim. Buscou o copo d’água na cabeceira, ainda tonto de tudo aquilo que vira e sofrera e sonhara. Sonhara? Cambaleante, entrou no banheiro, olhou-se no espelho e não acreditou. Estava sujo de uma cor não sei o quê cinza nas mãos e rosto, seus braços lhe doíam pesados estirados músculos cansados. Outra vez outra vez, pensou. Voltou à cama, aquele monstro horrível de desespero e cansaço, de insônia e sono, de sexo e solidão. Dormiu novamente.

4 comentários:

Anônimo disse...

Carajo Diego.

ÉMUITOBOMMEEEEEEEEEEEEEEEESMO.

Gezzz....

muito.bom.meeeeeeeeesmo.

Le grand saboteur disse...

graças ao seu science of sleep...filme surtante..
bjos!

Unknown disse...

TiT El Alguma coisa

diana sandes disse...

achei seu blog caminhando por blogs alheios... genial esse texto! gosto mto!