terça-feira, 1 de maio de 2007

Da Matéria Humana...

O que torna-nos humanos? Alguns afirmam que é o livre arbítrio, a nossa capacidade de fazer escolhas pautadas em julgamentos não apenas de fato, mas sim em julgamentos de valor, pensamento este que nos leva à afirmação da razão humana como elemento preponderante do Ser. Na minha humilde visão, afirmar que a razão sempre sobrepuja instintos irracionais é ledo engano. Adepto que sou do evolucionismo, creio que somos derivações de seres primitivos que, a partir de mutações e da seleção natural, atingiram a escala superior da cadeia alimentar, através do uso e confecção de ferramentas que auxiliaram a caça e, posteriormente, a colheita. O racionalismo foi corolário de uma visão filosófica de mundo já ultrapassada. O Modernismo vem morrendo a cada dia que passa, e a condição Pós-Moderna, como é tratada por, e.g., David Harvey, traz ínsita em seu discurso a deposição do racionalismo e propugna por uma concepção que, a meu ver, pouco diz mas muito abrange – a noção de esquizofrenia, não no sentido clínico, é claro. Isto posto, creio que, apesar de todos os anos de evolução, ainda temos enraizados no Ser instintos puramente animais. O que torna-nos humanos? Seria nossa capacidade de criar? Nossa capacidade de fazer e apreciar a Arte? O terceiro nível de pensamento, a capacidade de questionar e, portanto, filosofar? Caso abordemos tais questionamentos de uma forma meramente cartesiana, sim, isso nos tornaria humanos, visto que animais não escrevem poesia ou compõem música. Mas seria este o parâmetro correto para avaliar a condição humana? Acredito que não o é, já que estaríamos considerando apenas as conseqüências, o resultado, e não a essência do questionamento. Não seria a Arte uma mera forma de emular a própria natureza que nos circunda? O que torna-nos humanos, então? Na minha simples visão, o que nos faz humanos é a nossa capacidade de errar. Erramos sempre, todos os dias. Erramos para o bem e para o mal. Erramos de forma criativa e erramos de forma destrutiva. Errar, como a morte, é uma das poucas certezas que temos. Erro muito, erro cotidianamente, e sou feliz por isso. Isso me aproxima da essência do que sou. Ser Humano, Ser Errante, Ser Imperfeito. Erro feio, com tudo e todos e, por meio deste pequeno texto, procuro expiar meus pecados (sem conotações religiosas). Desculpem-me, mas sou humano e, em o sendo, erro mesmo.

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